Virou moda, é verdade. Mas, também é verdade, apesar do termo pejorativo, há “modas” boas e, neste caso, com um sentido público inegável. Nesta sexta-feira, 9, a partir das 11 horas, a cidade terá um grande ato contra a corrupção, uma espécie de “Ocupe Encontra Piracicaba”, com diversas atividades artísticas e políticas a céu aberto, disponível para o público. Depois de Nova York e outras cidades norte-americanas, agora, recentemente, com a iniciativa em Brasília, a proposta de “ocupar” para ser visto chega à Noiva da Colina.
Há muitos fatores positivos observados neste movimento, liderado por aqui pelo movimento de transparência social, formado por conta da Conferência Municipal de Transparência e Controle Social (Consocial). O primeiro, mais evidente, é o constante rechaço aos desvios de conduta que dificultam com que a riqueza de todo o país – mas também dos estados e municípios – sejam transformadas em benefícios públicos. Corrupção é contestada há anos, porém, agora é preciso ocupar para deixar isso claro, e de uma vez por todas.
Outro aspecto interessante nesta movimentação, organizada com base no Dia Internacional de Combate à Corrupção, é a transparência. O sentido dos três poderes idealizado pelos iluministas está calcado na necessidade de todos enxergarem o que o outro faz. A imprensa, vista como o quarto poder, agora é também “vigiada” pela população e, neste aspecto, é inegável a importância das redes sociais, onde os movimentos mantêm-se aquecidos e vigilantes, pressionando não só o poder público, mas também as empresas de caráter público, como os meios de comunicação. E, a partir daí, vem o terceiro aspecto, a meu ver, ainda mais interessante nesta “moda” toda.
É o movimento da ocupação, o sentido de estar num local público e para ser visto, o qual, entende-se, é possível forçar o olhar alheio à causa em questão. Termo cunhado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), o “ocupar” carrega o sentido pleno da cidadania, a qual está ligada diretamente à vida urbana, em cidades, fundamental para o desenvolvimento de uma massa crítica, formada de uma classe que tem a compreensão exata de que vive-se aqui e, só daqui, serão reverberados os problemas e soluções.
Apesar da força do movimento pela transparência e controle social dentro das redes sociais na web, só com um ato público, em frente ao Terminal Central de Integração (TCI) que, de fato, a luta pela causa “acontece”. Sai-se às ruas porque a vida em frente ao computador não é suficiente. O mesmo, espera-se, acontecerá aqui, da mesma forma como está em Brasília, em Nova York, no Cairo e em Tripoli. É da natureza humana falar através das cidades.
Fonte: Tribuna Tp