A vigilante Suellen Aparecida Bomfim Araujo, de 26 anos, impede que a filha de três anos receba alta do Hospital dos Fornecedores de Cana (HFC), em Piracicaba. Ela se recusa a retirar a menina do local há 14 dias, após médicos darem alta à garota. Ela fala que a criança espera por vaga, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para fazer cirurgia de refluxo urinário no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Estadual da Cidade de Campinas (Unicamp). O hospital afirma que a saída do leito “acelera” o processo de internação.
A menina Ana Laura de Araújo sofre do problema desde outubro do ano passado. Ela já foi internada três vezes em 2012 e uma neste ano, quando deu entrada no HFC no dia 24 de janeiro. No dia 2 de fevereiro, os médicos deram alta, dizendo que dava para controlar o quadro com antibióticos em casa até operar o canal da urina invertido.
“Foi só na quarta internação que descobriram o refluxo urinário. Para resolver o problema é necessário intervenção cirúrgica. O hospital na cidade de Piracicaba queria dar alta e pediu para eu esperar a vaga da Unicamp na minha residência, mas eu neguei. Todas as vezes que ela volta para casa, dois dias depois eu tenho que voltar com ela para o hospital”, afirmou Suellen.
A mãe disse que o hospital pediu que ela fosse procurar o Centro de Especialidades da cidade para fazer acompanhamento da filha e o pedido da cirurgia. “Eu não aceito este processo, pois assim será ainda mais demorado. Ela é só uma criança e está sofrendo com tudo isso. O estado dela é grave e ninguém está dando importância.”
Suellen teme que a demora no processo cirúrgico possa prejudicar ainda mais a garota. “Todas as vezes que minha filha teve uma infecção houve uma cicatriz no rim. Preocupo-me, pois ainda não sabemos se os dois rins foram afetados”, afirmou a vigilante.
Respostas dos hospitais
O HFC, por meio da assessoria de imprensa, informou que “uma das formas de conseguir a cirurgia para a menina é após a alta hospitalar, no qual o médico preenche todos os documentos específicos para este tipo de encaminhamento”. A unidade hospitalar disse ainda que a família é orientada a ir no Centro de Especialidades para realizar o agendamento na Unicamp.
Apesar da alta, o hospital informou que continua com a menina internada com tratamento clínico e tentando a transferência para um hospital que, tanto pode ser na Unicamp como na capital do estado. A enfermeira Estela Toledo Piza, coordenadora técnica do HFC, disse ao G1 que o hospital envia fax diariamente para o Centro Regional de Vagas do Estado.
“Tivemos uma negativa da vaga, mas continuamos tentando. A mãe também foi orientada a aceitar a alta e levar a menina para casa e procurar o Centro de Especialidades, que é uma outra alternativa”, afirmou Estela. Ela não disse qual hospital negou a internação da menina.
A Unicamp, por meio da assessoria de imprensa, informou que até a quarta-feira (14) não recebeu nenhuma solicitação oficial do Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba. “E ainda disse que não há nenhum pedido da diretoria regional de saúde de pedido de transferência”.
Fonte: G1