Às 5h45 desta terça-feira (27), o faqueiro Ivan Ferreira de Andrade, de 29 anos, já estava no primeiro ônibus do trajeto que faz diariamente de sua casa, no bairro Paraisolândia, em Charqueada, até o distrito industrial Unileste, em guia de Piracicaba. O trabalhador demora duas horas para bater o ponto no emprego, às 7h30, e pega dois ônibus de segunda a sexta-feira. Apesar de parecer estranho, ele conta que gosta de empregos distantes.
Andrade é o último entrevistado de uma série de reportagens sobre mobilidade urbana que a equipe do EP Piracicaba iniciou na quarta-feira (20). Cinco trabalhadores mostraram os pontos positivos e negativos do percurso que fazem a pé, de carro, de ônibus, de moto e até de bicicleta. A proposta se inseriu dentro da 1ª Semana de Mobilidade Urbana, que terminou no domingo (25) com uma bicicletada.
O jovem, natural de Pernambuco, veio para o Estado há oito anos em busca de emprego. Deixou para trás um filho e os pais para se aventurar em uma nova experiência. “Desde que cheguei não vejo minha mãe e nem meu pai. Também não conheço meu filho”, contou à repórter do EP Piracicaba que o acompanhou na manhã desta terça-feira enquanto seguia para o trabalho de ônibus. Apesar da saudade, o jovem não pretende voltar. “Só para passear.”
Sonho
O objetivo de Andrade é comprar um carro assim que possível, principalmente no ano que vem. “Gosto de andar de ônibus e prefiro um trabalho longe do que ter um emprego perto, como já recebi propostas em Charqueada, mas não quis. Assim faço amizades “, contou o trabalhador que desossa porcos, bois e vacas, além de limpar peixes. Apesar da tranqüilidade no trajeto da ida, pois ele consegue ir sentado, o retorno às 18h é estressante.
“Não vejo a hora de ter meu carro. Além de economizar em tempo, também não fico parando a cada momento nos pontos de ônibus. Às vezes isso é estressante”, afirmou. Depois de sair de Charqueada, e descer na Rodoviária de Piracicaba, Andrade anda alguns metros até o Terminal Central de Ônibus. De lá, pega outro ônibus até o Unileste. “O bom é que minha empresa paga um dos meus passes de ônibus”, afirmou.
Vivência
A repórter acompanhou o trabalhador na metade do percurso, a partir do terminal central. Às 6h30 o local estava repleto de usuários e, na maioria dos pontos, havia filas organizadas e sem nenhum tumulto. Ambos entraram tranquilamente no veículo e conseguiram uma vaga para sentar. Poucas pessoas fizeram o trajeto em pé. Depois de meia-hora, Andrade já entrava na empresa. Ele ainda tem cerca de 20 minutos para tomar um café e começar mais uma jornada.
Fonte: EpPiracicaba