O programador João Pagotto, de 27 anos, criou um simulador de voo para aviões de pequeno e médio porte com tecnologia inteiramente nacional. Segundo o inventor, os diferenciais do equipamento são o software, as placas gráficas e o sistema de instrução, criados por ele, e até então produzidos apenas fora do Brasil. A partir disto, Pagotto estima diminuir em até R$ 30 mil o custo de simuladores, com o objetivo de abastecer o mercado brasileiro.
Para o professor de engenharia aeroespacial da USP São Carlos (SP), Fernando Catalano, a iniciativa de Pagotto é “providencial” para as escolas de aviação de todo o País.
Projeto começou como diversão
Segundo o inventor, formado em ciências da computação pela Escola de Engenharia de Piracicaba (EEP), tudo começou como um hobby, entre o final do ano de 2003 e o começo de 2004. “Na época, eu estava no inicio da faculdade. Eu jogava muito o Flight Simulator, que é um jogo de computador. A partir daí, comecei a programar algumas placas gráficas para o simulador, itens que não são feitos aqui no Brasil”, afirmou o programador.
Em 2007, Pagotto concluiu que poderia usar o então hobby como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), requisito para receber o diploma de curso superior. “Eu visitei um aeroclube da região e vi um dos simuladores de voo. Aí percebi que poderia fazer melhor do que aquilo, em termos de programação”, pontuou o inventor.
Profissionalização do simulador
Atualmente formado e trabalhando como programador em uma empresa de softwares de Cerquilho (SP), cidade onde vive com a família, Pagotto dedica cinco horas de seu dia para trabalhar nos últimos detalhes do simulador. O inventor precisa adaptar o equipamento para uso profissional em uma escola de aviação de Campinas (SP). “Para isso preciso da homologação da Agência Nacional de Viação Civil. Eles pedem uma série de especificações, entre elas, a criação de um programa para uso dos instrutores, algo que não é feito aqui”, afirmou.
Pagotto estimou em 20 dias o tempo necessário para terminar o simulador e alugá-lo para a escola. “Esta será minha fonte de renda. O simulador passou a ser meu projeto de vida”, concluiu o programador.
Mercado nacional
Segundo Catalano, o projeto do programador de Cerquilho é interessante do ponto de vista acadêmico, pois as escolas de aviação dependem de simuladores para o ensino prático do voo. “O custo de um simulador atualmente é exorbitante. O mercado nacional precisa de algo como a invenção desse rapaz”, afirmou o professor da USP.
Fonte: G1