Há 2 anos, hospital de Piracicaba não consegue nenhum doador de órgãos

Há dois anos, o Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba não tem nenhum registro de doação de órgãos por pacientes com morte detectada na instituição. Apesar das campanhas feitas pela equipe especializada do hospital, todas as famílias procuradas nesse período se negaram a doar os órgãos do parente para pacientes, que esperam até quatro meses na fila de transplante.

A cidade do interior paulista possui dois hospitais públicos e ambos são credenciados a fazer a captação de órgãos. Além do HFC, a Santa Casa de Piracicaba também presta o serviço desde 2009. Lá, o quadro é diferente, mas também preocupante. Desde o início do ano até agora, apenas cinco pessoas fizeram doações de múltiplos órgãos, ou seja, uma doação por mês. Para se ter uma ideia, segundo dados do Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba (Iplap), em 2010, dado mais recente do órgão, morreram 2.475 pessoas na cidade, 206 por mês .

“A justificativa para não doar é muito pessoal de cada família. Alguns dizem que não é interesse do doador… Mas sempre que é detectada a morte encefálica, a equipe de captação de órgãos vai até a família. Orientamos com todas as informações sobre esse gesto de amor”, disse a enfermeira Ivone Santos, integrante da comissão intra-hospitalar de captação de órgãos Fornecedores de Cana.



“É preciso ser racional”, diz esposa doadora
A empresária Josana Martins, de 45 anos, moradora de Tatuí, doou todos os órgão do marido, que morreu em 2010 no Hospital dos Fornecedores de Cana. Ela conta que é preciso ser racional no momento da dor para optar pela doação.


“Foi uma decisão difícil pois o momento é muito difícil. Mas a gente tem que ser realista e, a partir do momento que a gente sabe que a pessoa que está ali, e fazia parte da sua vida, não vai sobreviver, não tem porquê ela ser enterrada com órgãos que vão salvar a vida de outras pessoas”, diz.

Ao contrário do que reza o discurso comum, Josana é categórica ao afirmar que a doação não ameniza a dor. “A dor da perda é muito grande e não vai amenizar. Mas tem que viver a realidade do momento. É difícil pensar de forma racional, mas eu , meu filho e minha filha vivemos juntos esse momento difícil e conseguimos agir tranquilamente”, disse.

Córneas
Segundo dados da comissão de captação de órgãos da Santa Casa, de 2006 até maio deste ano, foram doadas 827 córneas, ou seja, uma média de 10 doações por mês. Em média, o valor representa quase o dobro da média de doação de outros órgãos. No caso da córnea, como enfatiza o hospital por meio de sua assessoria de imprensa, um doador pode ajudar até duas pessoas.

Fonte: G1





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