Uma delegacia e três distritos policiais (DP) da cidade de Piracicaba, no interior de São Paulo, deixarão de existir com a reestruturação da Polícia Civil, anunciada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). O 1º, 2º, 3º e 7º DPs serão unificados e funcionarão em um só prédio. Além desses, a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) e a Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) também serão unificadas.
O anúncio da reengenharia foi confirmado nesta terça-feira (13), durante a posse do novo diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior de São Paulo 9 (Deinter 9), Ely Vieira de Faria, que assume no lugar de Antonio Mestre Júnior. Falta de efetivo e redução de custos estão entre as justificativas para a medida.
“São pagos vários aluguéis de prédios para a delegacia funcionar de uma forma precária”, explicou o secretário estadual de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto.
Ele nega que a sociedade possa ser prejudicada com as mudanças. “Esse trabalho foi feito com muito esmero. É um trabalho elaborado há vários anos, que vem sendo aperfeiçoado. Foi contratada uma empresa para fazer um diagnóstico daquilo que funcionava de uma forma parcial na Polícia Civil e para onde deveríamos caminhar para sermos mais eficientes, aproveitando os recursos humanos, já que as carências são muito grandes”, explica.
Prioridade
Segundoo novo diretor do Deinter 9, a prioridade à frente do departamento será combater os crimes contra o patrimônio, como furtos e roubos, trabalho desenvolvido, atualmente, pela DIG. Questionado pela reportagem do G1 Piracicaba e Região sobre a prioridade deste trabalho, em detrimento das investigações contra o tráfico, Faria justifica: “todas as vezes em que há vistoria na casa dos traficantes, são encontrados produtos furtados. Eles assaltam para comprar drogas, então, nossa ideia é combater os roubos para evitar o tráfico”.
Não é esta a avaliação de um delegado da cidade que não quis se identificar. “O raciocínio é ao contrário. Se você combater o tráfico, automaticamente o furto e roubo serão combatidos porque, em tese, o ladrão não teria para quem passar o material furtado, já que não teria mais traficantes”, falou o delegado.
Preocupação
A notícia é preocupante, já que, além do secretário estadual de segurança, o próprio delegado geral do Estado, Marcos Carneiro Lima, admite que o atendimento nos DPs é precário. “Primeiro o cidadão é vítima do bandido quando é assaltado e segundo ele é vítima do Estado, quando chega em uma delegacia e não consegue ser bem atendido ou demora horas para conseguir registrar um boletim de ocorrência”, falou Lima durante o discurso de posse.
A Polícia Civil não explica, entretanto, de que maneira a unificação vai permitir uma melhora no atendimento dos DPs. “Se hoje, o cidadão já tem que ficar horas na delegacia para registrar um boletim de ocorrência, com vários distritos funcionando, imagine com esta redução”, questiona o delegado que não quis se identificar.
Fonte: G1